segunda-feira, 12 de abril de 2010

GoatPenis















Entrevista feita com Sabbaoth, da banda GoatPenis.


WEGWISIR: Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a oportunidade de ter essa conversa que se seguirá. Gostaria também de dizer que não pretendo fazer questionamentos comuns que vemos, como sonoridade, formação ou influências musicais. Pretendo focar somente em assuntos, digamos, de idealismo. Agora, sem muitas explicações, gostaria de começar com as perguntas.
SABBAOTH: Obrigado pela consideração em nos conceder esta entrevista.


WEGWISIR: Goatpenis é uma banda conceituada aqui e no exterior - creio que até mais no exterior - e que passa um visão extremista, pregando o ódio e a destruição em relação ao lixo que conhecemos como humanidade. Mas isso nunca fica realmente bem definido quando falado. Quais são, perante os olhos da banda, os reais alvos? Seriam mesmo todos? Ou isso refere-se mesmo ao conceito de sociedade degenerada em que vivemos?
SABBAOTH: SIM, TODOS. Talvez dos 7.000.000.000 de ratos humanos no planeta apenas 0,005% sejam decentes. É muito pouco considerando o planeta todo. Não vale a pena. O câncer deve ser extirpado 100% da carne ou ele volta.


WEGWISIR: A destruição seria mesmo uma salvação? Ou seria somente um ataque contra o "criador" ou contra o ato da "criação", tão defendido pelos lixos que vivem na sociedade atual?
SABBAOTH: Creio que sim. A destruição total é um caminho para o fim desta hipocrisia. O lodo social existiu sempre, desde os gregos e a tendência é sempre a ser esta decadência viva. Não acredito em criador, apenas na criação ao acaso de uma existência estúpida devido os seres humanos.


WEGWISIR: Em 2002 vocês lançaram uma compilação chamada "Trotz verbot nicht tot" - que em português seria algo como, "apesar de proibido, não está morto". Esse termo, segundo relatos, era uma canção da oposição, comunista, na Alemanha. Mas ironicamente ouvimos nesse album um dos maiores discursos do Führer como introdução da música Zyklon-B. Hoje, essa frase é usada por muitos militantes de extrema direita na Alemanha, principalmente no antigo lado "oriental". Qual foi o real intúito desse título?
SABBAOTH: Este título fora sugerido pelo nosso grande amigo e distribuidor inicial na Europa, o velho Janseen da Bélgica. Ele tinha um projeto falido de banda e este era o nome de uma das músicas dele. Ele disse que achava o título muito bom e caso quiséssemos utilizá-lo seria nosso. Como na época não dávamos tanta relevância ao título do material aceitamos em consideração aos anos que ele ajudou a divulgar a banda. Desconhecia o teor da frase e se é utulizada por militantes. Nunca procurei por detalhes sobre o título pois é apenas um título e nada mais. Pra mim não diz muita coisa. Qualquer título, frase ou palavra pode servir para militantes assim como para títulos de CDs, etc. Se uma banda, por exemplo, usa como título "SATAN", não quer dizer que a banda participa de rituais de magia negra ou entidades ligadas a isso, é pura fantasia.


WEGWISIR: Hoje vemos que a maioria das pessoas, tanto no meio do Black Metal quanto no meio de "seitas satanistas", seguem ou conhecem uma "religião satanista" baseada nos deturpados conceitos de demônios criados na idade média pela Igraja Católica - esses demônios eram formados apartir de entidades judáicas, inclusive muitas delas, personificações do próprio JHVH, conforme pode ser visto em qualquer material que trate sobre esoterismo ou Kabalah. Nos trabalhos antigos da banda, podemos notar uma influência muito grande do anti-cristianismo, chegando até a fazer referência ao satanismo pelo olhar de alguns. Essas temáticas eram abordadas pela banda somente para se opor ao cristianismo ou havia algo a mais?
SABBAOTH: Era apenas escárnio religioso. Não tínhamos ligações com seitas e estas organizações. Quando tínhamos 19 ou 20 anos estes temas eram significativos para nós. Hoje são apenas passado e não passa de superstição do populacho. Hoje vejo a religião como algo muito positivo. É algo que destrói a sociedade, escravisa, mata, engana, ludibria, faz guerra, promove massacres, discórdia e caos. Que sigam este caminho! Desejo o pior para todos!!!!!


WEGWISIR: Com o passar do tempo, a temática da banda foi mudando. No início a banda tratava de blasfemar contra a podridão cristã, mais tarde a temática se converteu em tratar sobre a guerra e armas de destruição em massa. Qual o motivo dessa mudança?
SABBAOTH: Mesmo assim mantivemos a idéia de caos. Nunca vimos o "próximo" como algo que fosse válido a não ser um estorvo contra o sossego. Mudamos algumas coisas pois não temos mais 20 anos de idade. A banda tem muito tempo de estrada, vimos, ouvimos, lemos muitas coisas que nos fizeram mudar de postura pois não faz sentido manter a opinião sobre algo se você passa a vê-la de outra forma. É o mesmo que algum fato histórico que você tinha plena convicção ser desmascarada por algum motivo. Se você continuar acreditando neste fato mesmo sabendo que é contra sua opinião, você está se contradizendo. Assim aconteceu conosco, como o passar do tempo percebemos o quão estúpido as coisas são ou não são. Selecionamos aquilo que nos convém.


WEGWISIR: Com temáticas voltadas para a guerra, a banda sempre gerou controvérsias entre os seus seguidores, que sempre tomavam partidos pela banda. Uns diziam que a banda era "nazista", outros diziam que não. Uns diziam que era Black Metal, outros diziam que era War. Os que diziam que era War, diziam que isso é som para "nazistas". Não entrando no assunto do que a banda é ou deixa de ser ou que segue ou deixa de seguir, isso trouxe repercussões negativas?
SABBAOTH: Não sei se trouxe ou não. Não tocamos para agradar este ou aquela tribo. Se gostam do nosso som, ótimo, se não gostam, procurem outra banda para ouvir. Não nos importamos com a opinião, fofocas ou boatos que as pessoas fazem. Cresçam!


WEGWISIR: No último trabalho da banda, Biochemterrorism, há uma música chamada "Frantic Fury (1.225° C.) (Abortion Of The Macrocosm)". O que vocês quiseram dizer com "Abortion Of The Macrocosm". Qual a visão que têm sobre o macrocosmo?
SABBAOTH: O título fala por si. Extinção do macrocosmo, da existência total. A letra fala do extremo da destruição, incluindo o universo, cosmos e por aí.


WEGWISIR: Os seguidores da banda mudaram com o passar dos anos? Me refiro aos novos seguidores que possam ter sido atraídos pela temática da guerra.
SABBAOTH: Com certeza. Os poucos "seguidores" gostam das letras, da nossa postura, das nossas idéias e do som também. Quem gosta do nosso som não é aquele que gosta de som polido com muita virtuosidade. Eles procuram um som mais áspero que diz algo para eles, que os fazem sentir algo purgativo contra a patifaria humana.


WEGWISIR: Para finalizar. Sabemos que a banda faz poucas apresentações, por diversos motivos. Mas as raras apresentações ocorrem na região Sul do que "chamamos de país". Existe algum motivo especial pra isso?
SABBAOTH: Não gostamos de tocar muito ao vivo. Nossos shows são prestigiados por 15 ou 20 pessoas. As organizações dos shows são precárias, o público é mínimo e causa prejuízo para todos. Tocamos aqui perto de onde moramos por ser mais prático e por questão de tempo. A maioria dos shows aqui no sul foram frustrantes. Não temos público mesmo, muitos não nos conhecem por aqui e não vão aos shows. A cena no sul é uma lástima, no Brasil é uma lástima, no mundo é uma lástima maior ainda. São poucos os que nos apóiam. Tocar por aqui é desanimador.


WEGWISIR: Gostaria agora, mais uma vez, de agradecer a oportunidade.
SABBAOTH: Obrigado pela entrevista. Que outros zines sigam o teu exemplo com perguntas deste nível. Boa sorte pra ti!

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SAL UND SIG!
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