segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A Alemanha no Sec. XIX

A Alemanha, com o domínio dos romanos que atingiu estados alemães, procurava, através da sua confederação, auto afirmar-se no cenário europeu. Opôs-se ao projeto expansionista do Império Romano no mundo, garantindo a sua autonomia. Como nação livre, desenvolveu, muitas vezes, uma hegemonia política e territorial, garantindo espaço aos alemães. No início do século XIX, derrotadas as intenções protecionistas de Napoleão, faltava à Prússia derrotar o ministro Müternich, então ministro austríaco, que coordenava a Confederação Germânica, criada em 1815 e mantinha os alemães divididos.

Na Prússia, os Junkers (denominação que se dava aos grandes proprietários nobres) eram contrários à unificação alemã. A Confederação Germânica era uma inspiração austríaca e era formada de 39 estados soberanos, representados na Dieta de Frankfurt, porém sem força política. De outra forma, a Prússia assumia princípios claramente absolutistas. Apenas os estados sulinos da Alemanha assumiram em suas constituições idéias conservadoras francesas. Já a Prússia, pela sua visão mais liberal, experimentava um palpável crescimento econômico. A própria união aduaneira, criada nesta época, veio contribuir para lançar as bases da unidade econômica, das quais se excluía a Áustria. Em 1840, coroava-se Frederico Guilherme IV, que apoiava a unificação, oferecendo novo talento ao liberalismo, porém de pouca duração, uma vez que o próprio rei alia-se à aristocracia alemã, deixando ao Landtagpapel de mera assembléia consultiva.

A partir de 1847 iniciam-se constantes agitações republicanas e socialistas, provocadas pela revolução industrial, uma vez que as máquinas substituíam, lentamente, o trabalho braçal. Nestas perturbações questionava-se o desemprego, a redução de salários e a carestia provocados pela nova mentalidade capitalista.

Em 1848, Karl Marx publica o seu famoso Manifesto Comunista. Nele Marx alerta os trabalhadores da exploração capitalista. Conclama os alemães a se manterem unidos juntamente á pequena burguesia para, conjuntamente, destruírem o absolutismo e os restos feudais ainda existentes na Europa. Nesse ano, forças reacionárias socialistas de Paris expandiram-se pela Prússia. Opunham-se e lutavam contra o domínio dos Junkers, exigindo a implantação do parlamentarismo. Os ânimos acirravam-se a tal ponto de o povo erguer barricadas contra o exército. Com o objetivo de desarmar os ânimos exaltados, o rei prometeu uma constituição elaborada pela Assembléia eleita por voto universal e uma nova Alemanha liberal. Porém, em 1848, o próprio rei dissolvia a Assembléia e restaurava, parcialmente, o absolutismo contestado pelo proletariado e pela pequena burguesia. Controlava-se o legislativo e se classificava a população pelo seu poder econômico. Em 1848, Frederico reprimiu uma rebelião popular. Recusando a coroa de imperador, dissolvendo a Assembléia. Chega 1850 e encontramos uma Alemanha dividida em dois grandes eixos: o prussiano e o austríaco. Desencadeiam-se, nestes territórios, amplas perseguições contra o nacionalismo alemão. O grande estadista da unificação alemã viria a ser Otto von Bismarck. Afastou a burguesia da política e associou os donos do poder econômico aos Junkers. Desta forma conseguiu transformar a década de 1850 a 1860 num grande período de real desenvolvimento econômico.

Na Silésia e no Ruhr surgiram os primeiros grandes conglomerados empresariais. A uniãoaduaneira estendeu-se até Hannover. Otto von Bismarck tornou-se, como primeiro-ministro, o homem forte da Alemanha. Entendia que as mudanças necessárias na Alemanha deviam ser implantadas pela força militar e não com discursos e decisões supérfluos.

Reorganizou o exército prussiano e enfrentou o parlamento com a ditadura. Neutralizou Napoleão III e o Czar, fez frente à Áustria, vencendo-a em relação ao Zollverein. Declarou guerra à Áustria, derrotando-a em 1866. Criou a Federação Alemã do Norte, liderada pela Prússia e ligada ao Sul da Alemanha. Como o Sul da Alemanha possuía maioria católica e o norte, maioria evangélica, o Sul não se conformava com o domínio da maioria protestante. Com o objetivo de irmanar as duas Alemanhas, Bismarck declarou guerra contra a França. A estratégia alcançou seus objetivos. A guerra franco-prussiana (1870-1871), decisivamente, trouxe a unificação e a convivência pacífica entre protestantes e católicos. Em 1871, Guilherme I foi coroado, em Vesalhes, Imperador da Alemanha. Passou a dominar a maior parte do Vale do Reno. Grande vitória. Transformou a Alemanha em Estado Federal (Bundesstaat), formado por 26 estados soberanos. Com a nova organização política que se passou a desenvolver, os três últimos decênios do século XIX, a Alemanha experimentou um virtual crescimento econômico. Expandiram-se as estradas de ferro. Aconteceu a unificação de bancos, havendo maior controle financeiro e palpável aumento das receitas. Cresceu a indústria carbonífera, entre tantos outros. Esquecia-se, porém, uma justa reforma agrária e distribuição de renda. Os grandes proprietários possuíam a maior parte das terras que permaneciam improdutivas, enquanto dois milhões de pequenos agricultores, com dificuldades, sobreviviam nas diminutas áreas que cultivavam, muitas vezes insuficientes para o próprio sustento. Continuava a exploração sobre o homem do campo e o operário, que recebiam baixa remuneração e sem garantias. Tudo isso gerava novas crises e fome. Constantes eram as agitações operárias, normalmente acompanhadas de ideologias socialistas, como alternativas para dias melhores, de maior justiça social. Enquanto se esquecia do proletariado, o governo de Guilherme II completava (1871 – 1914) a unificação política interna da Alemanha, ensejando uma política de expansionismo imperialista que, no século seguinte, conduziria o país à catastrófica Primeira Grande Guerra Mundial.

Historicamente, a Alemanha era um conjunto de estados em constante convulsão sócio-política no século XIX, século da emigração de muitos alemães para as novas terras. Evidentemente, os acontecimentos vividos na Alemanha eram amargos e doloridos, todavia, contribuíram para consolidar a grande nação alemã, unificada, forte e rica de hoje. Este intróito histórico julgamos necessário para compreender um pouco melhor as causas das imigrações alemãs. Muitos alemães não suportavam as conseqüências desse processo de transformação. De outro lado, o espírito empreendedor de muitos alemães, extrapolando o próprio momento histórico, conduzia centenas de cidadãos conscientes de sua responsabilidade social e, sobretudo, familiar para o além-mar. Colônias do além-mar, ofuscavam com promessas de glória e cativavam os emigrantes europeus, uma vez que a pátria européia, tão tumultuada e massacrada, não oferecia perspectivas de estabilidade político-social e econômica, nem garantias sólidas para a construção do futuro do cidadão e de sua descendência. Aqui estariam distantes do turbilhão de éias convulsivas de toda a ordem que gravitavam na atmosfera européia. Aceitar o aceno do Imperador da Colônia Portuguesa, sem dúvida, seria um bom alvitre. As propagandas alvissareiras sobre o Brasil eram cativantes. Era preciso conferir “in loco’.

Créditos ao camarada Lohmann, que enviou esse texto a um bom tempo atrás...
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