domingo, 6 de dezembro de 2009

A mulher

[...]

Na mulher tudo é enigma e tudo tem uma solução: chama-se gravidez.

O homem é para a mulher um meio; o fim é sempre o filho. Que é, porém, a mulher para o homem?

O verdadeiro homem quer duas coisas: o perigo e o divertimento. Por isso quer a mulher, que é o brinquedo mais perigoso.

O homem deve ser educado para a guerra, e a mulher para prazer do guerreiro. Tudo o mais é loucura.

O guerreiro não gosta de frutos doces demais. Por isso a mulher lhe agrada: até a mulher mais doce é ainda amarga.

A mulher compreende melhor do que o homem as crianças: mas o homem é mais infantil que a mulher.

Em todo verdadeiro homem se oculta uma criança: uma criança que quer brincar.

Seja a mulher um brinquedo puro e fino como o diamante, iluminado pelas virtudes de um mundo que ainda não existe.

Cintile no vosso amor o brilho de uma estrela! Que a vossa esperança seja: "Possa eu dar à luz o Übermensch (Super-homem)!"

Que haja valentia no vosso amor! Com vosso amor deveis afrontar o que vos inspire medo.

Que vossa honra esteja no vosso amor! Geralmente a mulher pouco entende de honra. Seja, porém, honra vossa amar sempre mais do que fordes amadas e nunca serdes a segunda.

Que o homem tema a mulher quando ela ama: suporta todo sacrifício e qualquer outra coisa é sem valor.

Que o homem tema quando ela odeia: porque, no fundo, o homem é simplesmente mau; mas a mulher é perversa.

Que odeia mais a mulher? O ferro falava assim ao ímã: "Odeio-te mais do que tudo porque atrais sem ser forte o bastante para sujeitar."

A felicidade do homem é: eu quero; a felicidade da mulher é: ele quer.

"Vede! Já nada falta no mundo!", assim pensa a mulher quando obedece de todo o coração.

E é preciso que a mulher obedeça e que encontre uma profundidade para sua superfície. A alma da mulher é superfície: móvel e tumultuosa película de águas superfíciais.

A alma do homem, porém, é profunda, a sua corrente brame em grutas subterrâneas; a mulher pressente a sua força mas não a compreende. (...)



Fonte: A velha e a nova - Nietzsche
Agradecimentos ao kamarada Siegfried, que nos enviou o texto.
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